
O polvo é muito mais que um molusco marinho: é um prodígio da natureza, com habilidades que beiram a ficção científica e uma história culinária que o levou das profundezas do oceano aos pratos mais sofisticados do mundo. Neste artigo contamos onde vive, como é, por que é tão fascinante e como você pode desfrutá-lo também no Paraguai.
Onde vive o polvo e do que se alimenta?
Os polvos pertencem à ordem *Octopoda*, dentro da família dos cefalópodes. Encontram-se em todos os oceanos, desde águas tropicais rasas até regiões abissais. Preferem zonas rochosas, recifes e fundos marinhos com esconderijos naturais.
São carnívoros e se alimentam principalmente de peixes, caranguejos e moluscos. Utilizam seus tentáculos com ventosas para capturar suas presas e as despedaçam com um bico similar ao de um papagaio.
Dependendo da espécie, sua vida pode ser curta (6 meses em espécies pequenas) ou chegar até os 5 anos, como no caso do polvo gigante do Pacífico. Quanto ao tamanho, podem pesar desde 1 kg até mais de 15 kg, com braços que superam os 4 metros de comprimento.
Dentro da família dos cefalópodes, o polvo compartilha características com outros animais marinhos como a lula e a sépia (também conhecida como choco). A lula tem um corpo mais alongado, dez braços (oito curtos e dois tentáculos mais longos) e se desloca com grande velocidade graças à sua forma hidrodinâmica. A sépia, por sua parte, possui um corpo mais largo e plano, uma concha interna chamada sepião, e assim como o polvo, é capaz de mudar de cor e textura para se camuflar no ambiente.
Curiosidades do polvo que o fazem único

Características extraordinárias:
- Vários cérebros e corações: O polvo tem um sistema nervoso único: possui nove cérebros (um principal e um em cada tentáculo), o que lhe permite mover cada braço de forma independente. Além disso, tem três corações: dois que bombeiam sangue para as brânquias e um para o resto do corpo. Seu sangue é azul, devido a uma molécula chamada hemocianina, rica em cobre, que lhe permite transportar oxigênio em águas frias e com pouco oxigênio.
- Regeneração: Se perde um tentáculo, pode regenerá-lo completamente. Durante este processo, as novas estruturas nervosas e musculares se desenvolvem sem intervenção externa, o que demonstra sua incrível capacidade de autocura.
- Camuflagem especializada: Sua pele contém células especiais chamadas cromatóforos, que lhe permitem mudar de cor, padrão e até textura em questão de segundos. Esta habilidade lhe serve para caçar, se esconder ou se comunicar com outros polvos.
- Inteligência notável: É um dos animais mais inteligentes do reino animal. Pode abrir frascos, resolver labirintos, lembrar soluções, e até aprender por observação. Em experimentos, polvos foram vistos manipulando objetos com precisão, brincando e até usando ferramentas simples.
- Tinta defensiva: Quando se sente ameaçado, expele uma nuvem de tinta escura que desorienta o predador e lhe permite escapar. Esta tinta contém uma enzima que pode afetar o sentido do olfato de quem o ataca.
- Mudança de forma e passagem por espaços mínimos: O corpo do polvo é mole, sem esqueleto interno ou externo, o que lhe permite se infiltrar por fendas ou buracos incrivelmente pequenos, basicamente qualquer abertura pela qual possa passar seu bico (sua única parte rígida). Polvos foram documentados escapando de aquários ou se escondendo dentro de garrafas, cocos ou conchas.
- Reprodução extrema: Após o acasalamento, o macho morre pouco depois. A fêmea deposita milhares de ovos em uma caverna ou fenda, e dedica semanas (até meses) a protegê-los, limpá-los e oxigená-los sem se alimentar. Uma vez que os ovos eclodem, a fêmea também morre, fechando assim seu breve mas intenso ciclo vital. Por décadas, a criação de polvos em cativeiro foi um desafio, justamente por este ciclo reprodutivo tão particular, além de sua dieta exigente e sua inteligência.
O polvo na cozinha: história e formas de prepará-lo
Desde a antiguidade, o polvo tem sido um alimento valorizado em culturas como a grega, romana e japonesa. Na Espanha, é especialmente famoso o polvo à galega ou polvo a feira: cozido e servido com azeite de oliva, pimentão e sal grosso. Esta é a versão disponível no restaurante de comida espanhola Chiringuito de Delicia, na cidade de Luque.

Também é consumido:
Métodos de preparação:
- Na grelha: ideal para um sabor defumado e textura crocante.
- Em ceviches ou saladas: marinado em limão ou vinagre, servido frio.
- Em takoyaki: bolinhas de massa recheadas com polvo, típicas do Japão.

Embora o Paraguai não tenha acesso ao mar, o polvo pode ser encontrado em vários supermercados, geralmente em formato congelado. Em Assunção, alguns restaurantes especializados em culinária internacional como Pez de Mar Dulce o oferecem como parte de sua oferta.
Uma iguaria inteligente
O polvo é uma criatura que fascina tanto por sua biologia quanto por seu sabor. Versátil, nutritivo e com história, ganhou seu lugar na alta gastronomia sem perder sua identidade selvagem. Suas habilidades únicas, sua inteligência, capacidade de camuflagem ou seus múltiplos cérebros e corações, levaram cientistas a descrevê-lo como um "animal extraterrestre", capaz de desafiar o que entendemos por vida inteligente.
E se tudo isso não fosse suficiente, em 2010 conseguiu algo inusitado: se tornar estrela da Copa do Mundo. O famoso polvo Paul previu os resultados de um aquário na Alemanha, e embora tenha sido pura casualidade, capturou a atenção do mundo inteiro.
Se você nunca o experimentou, este pode ser o momento perfeito para se animar a fazê-lo... e se você quer continuar descobrindo alimentos surpreendentes e seus segredos, convidamos você a visitar nosso blog.